Convidado para comandar 5º Congresso de Gestão de Academias, dentro do Arnold Festival, Eduardo Netto, sócio e diretor técnico da Bodytech Company, teve como desafio montar uma programação que reunisse insights sobre tecnologia, branding, vendas, marketing e integração com a saúde, uma vez que o mercado de fitness tem se posicionado sob esta demanda.
Dudu Netto, como é conhecido por todos no mercado, falou sobre inovação, saúde, rede hoteleira e… o ponto alto: experiência! Confira a entrevista concedida à equipe da ACAD Brasil.
Você foi convidado para coordenar o 5º Congresso de Gestão de Academias. Quais são os desafios deste papel?
Esse papel é bastante desafiador, porque estamos tentando inovar. Fazendo a nossa mea-culpa, aqui no Brasil as mesmas pessoas falam nos eventos e, assim, os visitantes já assistiram, várias vezes, o mesmo conteúdo. Hoje em dia, com os conteúdos disponíveis nas redes sociais, se um evento presencial não oferecer uma experiência totalmente diferente, não tira a pessoa do conforto de casa para assistir o evento, por isso, procuramos inovar na programação.
E onde vocês foram buscar essa inovação?
Acredito que os grandes insights para a nossa indústria não virão das pessoas que estão nas academias, mas virão sim de pessoas de fora, que atuam justamente em outros mercados. Esse foi o desafio, trazer um jogador de futebol, um diretor de hospital, uma economista que atua em Saúde Econômica, uma executiva da Apple e da Microsoft. O gestor de academia e profissional de Educação Física tem que virar a chave para a questão da saúde. Hoje, o que vemos no Brasil ainda é quem quer emagrecer e quem quer ficar forte. Mas, acredito que a única forma de o setor sair desse número de 5%, 6% de brasileiros treinando em academias, é justamente se os operadores de academias tenham essa visão para a saúde.
Como um convidado, como um gestor do mercado hoteleiro, recebe o convite para palestrar em um evento de fitness e bem-estar?
Num primeiro momento, ele fica assustado, mas logo cai a ficha de que hoje em dia o setor hoteleiro é muito parecido com o de academias. Os dois têm várias fatias de segmentação de preço, apropria marca oferece um produto premium, com sofisticação, e um low-cost, porque nestes dois mercados é preciso ser diferenciado. Hotelaria é um mercado de experiência – e isso vai desde o check-in, passando por qual academia está disponível para o cliente. (logo após esta entrevista, Dudu Netto ministrou uma palestra para gestores de hotéis sobre a importância de um hotel ter uma academia própria). Os hotéis estão mais atentos às questões de wellners, academias mais bem equipadas, spas com espaços também para relaxamento. Tudo isso faz parte da experiência. Na rede hoteleira Four Seasons, um exemplo de preocupação extrema com a experiência, é que cada recepcionista da rede tem um recurso de 500 dólares para resolver problemas do cliente. Isso é autonomia para atender o cliente, com agilidade e sem burocracia, para que seja entregue uma experiência melhor.
Essa grade diversificada, apontando para a saúde, foi montada dentro de um evento que nasceu do culto ao corpo. Parece um paradoxo, mas, não é?
Exatamente. Quando eu vim para trabalhar com a Ana e a Feijó (Ana Paula Feijó e Ana Paula Feijó, da Savaget, empresa realizadora do Arnold Sports Festival), ampliar essa visão era o desafio, porque todo mundo quando pensa em Arnold, pensa em body building, fisiculturismo que é uma tendência do mercado, mas o bem-estar é um universo muito maior do que isso. Nossa proposta é desmistificar esse conceito e trazer, cada vez mais, a indústria do fitness, os equipamentos, os gestores tradicionais para dentro desse evento. Temos conseguido, a cada ano, aumentar um pouco mais.
Você viaja o mundo todo, participa de eventos, visita academias, acompanha o que o mundo está fazendo. Como o mercado brasileiro está se saindo?
Eu tenho a oportunidade de viajar muito e acompanhar outros mercados, mas não tem evento igual aos daqui do Brasil, e isso acontece muito em função do próprio brasileiro. Por isso, acredito cada vez mais que os nossos negócios têm que ser voltados para as pessoas. Academia é isso, não é? Pessoas cuidando de pessoas. Então, o diferencial está aí, precisamos transformar esse potencial em uma experiência totalmente diferente.
Há muitos anos você já falava em experiência, provavelmente antes de todos aqui no Brasil. Hoje, experiência é um diferencial para qual o mercado fitness precisa estar mais atento?
Sem dúvida. O nosso mercado está muito balizado em preço, as academias cada vez mais parecidas, ter um bom equipamento hoje em dia é algo mais acessível. Então, a saída é ser diferente e isso está diretamente relacionado ao que se oferece como experiência para o cliente.