Com mais de três décadas dedicadas ao ensino, autor do livro “Ensinando Natação”, um título referência no mercado, William Urizzi de Lima foi técnico de Seleções Brasileiras para Olimpíadas e Panamericanos, foi comentarista da BAND e da ESPN, é professor em cursos de graduação e pós-graduação e coordenador pedagógico da Metodologia Gustavo Borges. Urizzi estará no Encontro Internacional de Natação – EIN, marcado para os dias 24, 25 e 26 de outubro de 2024, no Centro Universitário Senac, em Santo Amaro, São Paulo. A equipe da Revista ACAD Brasil entrevistou o professor sobre o evento e o mercado de atividades aquáticas.
Você é um dos grandes educadores deste país, quando se fala em natação. Qual o segredo para ser um mestre tão querido e contribuir tanto para este mercado?
Quando iniciei a ministrar aulas, com 16 anos, ainda atleta, na década de 1960, falei para o meu pai, professor do estado, que no dia seguinte eu daria aulas de natação. Sempre o considerei um sábio e ele deve ter questionado como um jovem de 16 anos, inexperiente, daria aula de natação… ainda assim, me deu uma “dica” maravilhosa: “independentemente de qualquer coisa, procure motivar os seus alunos”. Até hoje, sigo essa orientação. Quando unimos experiência e estudos, conseguimos mudar a sociedade que, a meu ver, é o grande objetivo do professor, ainda mais quando desenvolvemos saúde, bem-estar e autonomia aos nossos alunos.
O que norteia a sua vida profissional?
Posso dizer que cinco palavras nortearam a minha vida profissional: (1) Conhecimento, quanto mais estar atualizado melhor, isto é, estudar sempre! Desde a Olimpíada de Barcelona, em 1992, sou convidado para ser comentarista da natação, tendo passado pela BAND e ESPN. Para Paris 2024 eu não fui convidado, mas assisti todas as eliminatórias, semifinais e finais, analisei e escrevi cada fase, como se fosse comentar o evento. (2) Interpretação, professor deve saber interpretar e infelizmente os cursos de licenciatura não têm essa disciplina. Entro na sala de aula ou numa piscina e me torno um artista. (3) Emoção, não dá para dar um treino ou aula sem emocionar os alunos. Alunos emocionados são motivados, não desistem e não faltam. (4) Coragem, para mudar certas situações e não permanecer na zona de conforto, ou de apresentar ideias e projetos para o proprietário da academia ou coordenador, sem receio de receber um não. Já recebi muitos, mas em alguns momentos recebi uns “sim”, que engrandeceram a empresa. E, finalmente, (5) Comprometimento, assumir o compromisso de desenvolver metas e objetivos com o aluno, atleta ou o grupo, manter até o final do programa e não desistir antes, abandonando a empresa, alunos e atletas.
Como você vê o mercado brasileiro de natação?
Muito ainda a ser explorado. A natação é a atividade física mais longeva, podemos oferecê-las dos 3 meses de vida até mais dos 100 anos. Atualmente, temos nadadores competindo no Campeonato Mundial de Masters na categoria 100+. Quanto mais longevo for o tempo de prática, mais pessoas participando. Quando abordamos a natação, não podemos resumi-la a apenas a aprendizagem, segurança aquática, aperfeiçoamento e treinamento – muitas faculdades de Educação Física têm essa ideia, a meu ver, retrógrada. É preciso abordá-la no sentido mais amplo e considerar como Atividades Aquáticas, envolvendo gestantes, bebês, portadores de dificuldades respiratórias, como asma e bronquite, pessoas com deficiência, adaptada e promovendo a inclusão, hidroginástica, ou mais atual, fitness aquático.
Você é consultor pedagógico da Metodologia Gustavo Borges. Qual dica você daria ao gestor de um negócio de atividades aquáticas?
Uma dica importante para o proprietário ou gestor de negócio de natação ou atividades aquáticas é sobre a coordenação. Como o meio aquático se difere do terrestre, é inadequado adaptar estratégias das modalidades terrestres às aquáticas, portanto, torna-se muito importante a contratação de coordenadores aquáticos com longa experiência nas aulas aquáticas, otimizando a piscina. Diminuir as listas de espera, aumentar a arrecadação, dividir as aulas através de níveis pedagógicos, relacionando a idade, desenvolvimento motor e as habilidades aquáticas, facilitando o professor a executar os seus objetivos com turmas mais homogêneas. Nos últimos 19 anos, a MGB tem praticado e estudado esse conceito, pesquisando os resultados obtidos e participando de vários congressos.
O tema da sua palestra no EIN é “Turbine seus treinos para jovens e adultos refletindo atitudes e estratégias”. Quais serão os principais pontos de sua abordagem?
A palestra é totalmente prática e tem como objetivo demonstrar exercícios e séries motivantes para os jovens e adultos, demonstrando que os treinos de natação podem ser diferentes do tradicional e que podemos utilizar metragens de várias maneiras, onde 5×100 nadando com 30” poderá mudar para 5x (2×50 10” – 4×25 10” – 8×12,5 com 10” -75+25 com 10” e 1×50+2×25 com 10”). Também podemos mudar as estratégias utilizando materiais, músicas e principalmente o professor motivador.
Qual a importância de um evento como o EIN para o mercado nacional e para o desenvolvimento dos profissionais da área?
Como já citei, o conhecimento é de suma importância para a melhoria do profissional e o EIN favorece isso, através de cursos, abordando vários temas das atividades aquáticas, desde bebês até o fitness aquático, com professores nacionais e internacionais renomados, com vasta experiência, informando as últimas tendências aos proprietários, gestores, coordenadores, professores e alunos de Educação Física.