Informativo ACAD Brasil

Entrevista: Dr Bruno Halpern, novo presidente da World Obesity Federation

Em julho de 2024, Dr. Bruno Halpern, endocrinologista e Doutor em Medicina pela USP, foi eleito presidente da World Obesity Federation, única organização global que com foco exclusivo em obesidade e com fortes vínculos com a Organização da Saúde – OMS.  desafio do brasileiro na gestão da WOF criar estratégias e contribuam para a contenção da pandemia global de obesidade, que hoje acomete mais de 1 bilhão de pessoas. Halpern também é presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica – ABESO e do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – SBEM. Ele conversou com a equipe da Revista ACAD Brasil. A seguir, um trecho da entrevista, que será publicada na íntegra na próxima edição da revista.   

O sr. é o novo presidente eleito da WOF. O que representa este reconhecimento? 

Este é um reconhecimento do papel do Brasil em estratégias de prevenção e tratamento da obesidade. A América Latina tem vários projetos de prevenção de grandes organizações trabalhando junto aos governos para buscar estratégias de melhorias de acesso à alimentação de boa qualidade e para evitar os chamados ultraprocessados (que é um conceito brasileiro), adequação de rotulagens e de alimentação em escolas, todos são aspectos fortes no continente. Sabe-se que o Brasil é um país reconhecido e pioneiro na adoção de tratamentos clínicos, cirurgia bariátrica e em discussões que ainda são incipientes em outros países. Nosso país está na dianteira, é pioneiro e disso devemos nos orgulhar. 

Qual a análise sobre onde avançamos e onde ficamos para trás em termos de cuidados com a saúde?

A verdadeira mudança depende da adoção de estratégias combinadas, do setor público trabalhar junto com o setor privado. Sabemos, por exemplo, que o tratamento de obesidade inexiste no Sistema Único de Saúde. Precisamos melhorar esta frente no SUS, não falo de medicamentos, mas de uma abordagem mais completa, com acompanhamento nutricional e de prática de atividade física e esportiva. Então, vamos trabalhar cada vez mais para que tenhamos centros de excelência em obesidade, na rede pública, com abordagem multidisciplinar, com acesso para todos, e no futuro também ter disponíveis no SUS medicamentos com boa indicação médica para este fim. Porque tratar a obesidade é tratar um problema de saúde, uma vez que a obesidade está associada a mais de 200 outras doenças. 

A prevalência de pessoas obesas aumentou em 11 vezes nos últimos 20 anos. O que deixamos de fazer, como sociedade, para chegar até aqui? 

O mundo ainda não sabe quais são todas as causas da obesidade, mas sabemos que os alimentos ultraprocessados e o sedentarismo são dois fatores determinantes. Também existem outros, como o sono, que piorou na nossa sociedade, e o uso de certos medicamentos. O principal é agir na questão da cadeia alimentar e no combate à inatividade. 

O sr. acredita que o setor nacional de fitness e bem-estar pode contribuir para essa mudança? 

O estímulo à prática do exercício físico é absolutamente fundamental como estratégia no combate à obesidade. E quando falamos de estímulo não é somente na academia, mas também nas práticas cotidianas como se levantar, sair da cadeira, se movimentar, subir e descer escadas, adotar caminhadas como rotina, na tentativa de ser mais ativo e menos sedentário no dia a dia. Também acho que é papel das academias melhorar cada vez mais as opções do que se oferece, por exemplo, como alimentação, ter mais alimentos in natura, banindo industrializados, refrigerantes etc. É importante se pensar em como impactar mais pessoas para que elas pratiquem exercício físico, não só aquelas que já frequentam as academias naturalmente. Todos temos que trabalhar juntos e o setor de academias faz parte do movimento para que as mudanças aconteçam.

 

WhatsApp chat