A pesquisadora de smartphones escolares Victoria Goodyear fez um apelo à indústria do fitness que apoie os jovens no uso de seus telefones celulares. A ideia é que o setor aproveite o uso de celulares para promover a saúde e melhorar aspectos de questões mentais ente jovens.
Segundo a pesquisadora, a indústria do fitness pode assumir um papel de liderança ao mostrar como os celulares podem ser usados de forma positiva para apoiar o bem-estar. Neste cenário, profissionais do fitness têm um papel fundamental a desempenhar na mitigação dos danos das mídias sociais.
Professora de pedagogia, atividade física e saúde na Universidade de Birmingham, Goodyear liderou o Estudo Escola Inteligente, financiado pelo Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde e Cuidados. O estudo, com duração de três anos, de 2022 a 2025, envolveu 1.200 alunos de 30 escolas do Reino Unido, com uma combinação de políticas permissivas e proibições de celulares.
Os pesquisadores descobriram que quanto mais tempo os jovens passam em seus telefones e mídias sociais, piores são os resultados em termos de bem-estar mental, ansiedade, depressão, níveis de atividade física, sono, comportamento disruptivo em sala de aula e desempenho educacional em inglês e matemática. Goodyear acredita que combater o uso do telefone nas escolas não é suficiente para causar impacto, a questão precisa de uma abordagem holística e multifacetada e a indústria do fitness tem um papel a desempenhar.
“Há duas prioridades principais: uma delas é o design adequado para a idade dos celulares e das mídias sociais – incorporando recursos e tecnologias que levem em conta o bem-estar das crianças. Queremos ver medidas que não promovam a rolagem infinita de tela, o que pode ser associado a manter as pessoas em seus celulares, e o fim dos algoritmos que podem promover conteúdo prejudicial. A segunda prioridade é equipar os jovens com habilidades digitais que contribuam para o seu bem-estar. Educação também é necessária para pais, escolas e professores. Trata-se de construir uma abordagem social e ecossistêmica que aborde todos os envolvidos com os jovens, em vez de abordar apenas as escolas. O setor de fitness pode realmente liderar o caminho nesse sentido”, diz Goodyear, que está trabalhando com a UK Active.
“Grande parte do conteúdo que os jovens veem está relacionado à imagem corporal e sabemos que os profissionais de fitness são ativos nas redes sociais, então eles têm a responsabilidade de educar e ser bons modelos. O setor de fitness pode assumir um papel de liderança ao mostrar como os celulares podem ser usados de maneira positiva para impactar a atividade física e o sono e que níveis moderados de uso sensato, responsável e seguro podem ser apoiados ao mesmo tempo”, concluiu a pesquisadora.