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Pesquisa USP: Exercício físico regula mecanismos moleculares da obesidade

 

 

A obesidade tem sido relacionada a alterações que interferem em todo o organismo, inclusive em processos celulares e moleculares, como os de uma importante classe de reguladores de genes conhecidos como microRNAs. Uma revisão de estudos produzida por pesquisadores da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP aponta que o exercício físico age de forma oposta à obesidade na modulação desses genes, atenuando seus efeitos danosos.

As microRNAs são pequenas moléculas que não codificam proteínas e são responsáveis por regular RNAs mensageiros (genes-alvo) que, por sua vez, são responsáveis pela produção de proteínas que atuam em todo o funcionamento do organismo. A regulação dos microRNAs afeta a expressão de genes patogênicos, associados ao risco de desenvolver doenças e, também, de genes protetores, que ajudam a reduzir esse risco.

 

Alterações moleculares na obesidade

 

Diante da ingestão excessiva de alimentos hipercalóricos, as células que acumulam gordura, chamadas células adiposas, começam a crescer e se dividir, e ocorre a modulação dos microRNAs. Assim, eles modificam a sinalização molecular, promovendo, em longo prazo, processos ligados ao adoecimento em diversos órgãos. Desta forma, são afetados, por exemplo, genes associados a doenças cardiovasculares, podendo levar a complicações desta natureza.

De forma semelhante, a modulação do microRNA 29c na obesidade afeta o processo de fibrose, causando o aumento de colágeno no coração, o que reduz a eficiência do órgão em bombear sangue para o corpo. Isso acontece porque a obesidade diminui a expressão desse microRNA, aumentando a expressão do gene colágeno-1. O fenômeno pode levar ao remodelamento do coração, problema conhecido como cardiomiopatia da obesidade.

Já o exercício físico atua de forma contrária, aumentando a expressão do microRNA 29c e diminuindo a expressão do colágeno-1, atenuando a fibrose cardíaca, o que, por sua vez, melhora o funcionamento do coração. Também entre os benefícios, a atividade física favorece o processo de formação de novos vasos sanguíneos.

Esses possíveis benefícios obtidos por meio da prático do exercício físico ocorreriam de forma relativamente dinâmica. “O microRNA é modulado não somente de forma crônica, com o tempo, mas também de forma aguda, depois de uma sessão de exercícios físicos, por exemplo. Ao manter essa modulação durante um período, o indivíduo vai induzir a ativação ou inibição de algumas vias de sinalização molecular. Em longo prazo, isso pode gerar um impacto benéfico em diversos órgãos”, afirma Alex Cleber Improta-Caria, autor principal da publicação.

Mais informações sobre o estudo, por meio do e-mail do pesquisador-chefe: e-mail edilamar@usp.br

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