Já se vão 45 anos da Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), no Cazaquistão, em 1978, na qual foi assinada, por diversos países do mundo, inclusive o Brasil, a “Declaração de Alma-Ata”, na qual redefiniu-se o conceito de “Saúde” como o “completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade”.
De lá para cá, a cada década, consolidou-se o entendimento , referendado pela própria OMS, de que a prática regular de atividades físicas representa, a um só tempo, um investimento e uma economia para os Estados.
Um Investimento na medida em que um povo mais forte, mais ativo, com hábitos saudáveis e, por conseguinte, mais resistente a doenças, é também mais produtivo e mais preparado para o trabalho.
E uma economia na medida em que as verbas públicas destinadas ao fomento e ao estímulo da prática de atividades físicas e desportivas reduzem os gastos dos governos com material hospitalar, custo de internações, tratamentos e outras despesas com o enfrentamento de doenças na população.
Com o progressivo aumento quantidade de idosos e com o avanço do sedentarismo e da obesidade, decorrentes da cultura da internet e de suas facilidades tecnológicas de entretenimento e de comunicação, o fortalecimento dos conceitos de “welness” e “fitness”, embutidos no ramo das academias de ginástica e atividades afins, e desenvolvidos por profissionais de Educação Física capacitados e habilitados, não é mais uma questão de luxo, de mera recreação ou lazer, ou com objetivos puramente estéticos, sendo sim, uma verdadeira urgência de política de saúde pública estatal, perene e que sobreviva aos diferentes e sucessivos governos.
Neste sentido de urgência e de política pública, a luta de entidades do segmento de Academias de Atividades Físicas, Desporto e Educação Física (como a ACAD/Brasil e o próprio Sistema CONFEF/CREFs), para que o setor de Fitness seja enquadrado na reforma tributária que se encontra em andamento como atividades econômicas da área da saúde, com alíquotas e carga fiscal reduzidas, muito mais do que uma luta por reconhecimento da importância de determinado segmento econômico ou classe profissional, é uma luta pela saúde do nosso povo.
Por este motivo, em nossa gestão à frente do Conselho Regional de Educação Física do Distrito Federal, em Brasília, o palco principal do poder e das decisões políticas do país, não temos medido esforços e temos sido parceiros de primeira hora junto às entidades que têm trabalhado incansavelmente junto ao Poder Executivo e ao Poder Legislativo, de modo a assegurar que nossos governantes não percam de vista a importância preventiva e de promoção da saúde relativa às empresas do setor de atividades físicas, advinda tanto do empreendedorismo em si, quanto do trabalho ético e responsável que os Profissionais de Educação Física oferecem à população.
Portanto, se a saúde da população do Brasil deve ser um reflexo da aquisição de hábitos saudáveis e da prática regular de atividades físicas, a saúde do setor empresarial e dos profissionais da Educação Física, devidamente valorizados e reconhecidos como promotores de saúde é condição sine qua non para que atinjamos patamares satisfatórios de índices de brasileiros que se possam dizer “saudáveis”, nos termos de “completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente de ausência de doença ou enfermidade”, como propugnou a OMS e como se comprometeu o Brasil ao aderir a Declaração de Alma-Ata, em 1978, ainda que tardiamente, já quase na metade do século XXI.
Estamos nessa luta também.
Nicole Azevedo
Presidente – CREF7/DF